| Song | Faroeste Caboclo |
| Artist | Legião Urbana |
| Album | Que Pais E Este |
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| Não tinha medo o tal João de Santo Cristo, | |
| Era o que todos diziam quando ele se perdeu. | |
| Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda | |
| Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu. | |
| Quando criança só pensava em ser bandido, | |
| Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu | |
| Era o terror da cercania onde morava | |
| E na escola até o professor com ele aprendeu. | |
| Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro | |
| Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar. | |
| Sentia mesmo que era mesmo diferente | |
| Sentia que aquilo ali não era o seu lugar | |
| Ele queria sair para ver o mar | |
| E as coisas que ele via na televisão | |
| Juntou dinheiro para poder viajar | |
| E de escolha própria escolheu a solidão | |
| Comia todas as menininhas da cidade | |
| De tanto brincar de médico aos doze era professor. | |
| Aos quinze foi mandado pro reformatório | |
| Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror. | |
| Não entendia como a vida funcionava - | |
| Descriminação por causa da sua classe e sua cor | |
| Ficou cansado de tentar achar resposta | |
| E comprou uma passagem foi direto a Salvador. | |
| E lá chegando foi tomar um cafezinho | |
| E encontrou um boiadeiro com quem foi falar | |
| E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem | |
| Mas João foi lhe salvar. | |
| Dizia ele: - Estou indo pra Brasília, | |
| Nesse país lugar melhor não há. | |
| Tô precisando visitar a minha filha | |
| Eu fico aqui e você vai no meu lugar. | |
| E João aceitou sua proposta e num ônibus entrou no Planalto Central | |
| Ele ficou bestificado com a cidade | |
| Saindo da rodoviária viu as luzes de Natal. | |
| - Meu Deus, mas que cidade linda! | |
| No ano-novo eu começo a trabalhar. | |
| Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro | |
| Ganhava cem mil por mês em Taguatinga. | |
| Na sexta-feira foi pra zona da cidade | |
| Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador | |
| E conhecia muita gente interessante | |
| Até um neto bastardo do seu bisavô: | |
| Um peruano que vivia na Bolívia | |
| E muitas coisas trazia de lá | |
| Seu nome era Pablo e ele dizia | |
| Que um negócio ele ia começar. | |
| E o Santo Cristo até a morte trabalhava | |
| Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar | |
| E ouvia às sete horas o noticiário | |
| Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar | |
| Mas ele não queria mais conversa e decidiu que, | |
| com o Pablo, ele ia se virar | |
| Elaborou mais uma vez seu plano santo | |
| E, sem ser crucificado, a plantação foi começar. | |
| Logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade: | |
| - Tem bagulho bom aí! | |
| E João de Santo Cristo ficou rico | |
| E acabou com todos os traficantes dali. | |
| Fez amigos, freqüentava a Asa Norte | |
| E ia pra festa de rock, pra se libertar | |
| Mas de repente | |
| Sob um má influência dos boyzinhos da cidade | |
| Começou a roubar. | |
| Já no primeiro roubo ele dançou | |
| E pro inferno ele foi pela primeira vez | |
| Violência e estupro do seu corpo | |
| - Vocês vão ver, eu vou pegar vocês. | |
| Agora Santo Cristo era bandido | |
| Destemido e temido no Distrito Federal. | |
| Não tinha nenhum medo de polícia | |
| Capitão ou traficante, playboy ou general. | |
| Foi quando conheceu uma menina | |
| E de todos os seus pecados ele se arrependeu. | |
| Maria Lúcia era uma menina linda | |
| E o coração dele | |
| Pra ela o Santo Cristo prometeu | |
| Ele dizia que queria se casar | |
| E carpinteiro ele voltou a ser | |
| - Maria Lúcia pra sempre eu vou te amar | |
| E um filho com você eu quero ter. | |
| O tempo passa e um dia vem à porta um senhor de alta classe com dinheiro na mão | |
| E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta. | |
| Uma resposta de João: | |
| - Não boto bomba em banca de jornal nem em colégio de criança | |
| Isso eu não faço não | |
| E não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa | |
| Com o cú na mão. | |
| E é melhor o senhor sair da minha casa | |
| Nunca brinque com um Peixes com ascendente Escorpião. | |
| Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse: | |
| - Você perdeu a sua vida, meu irmão. | |
| Você perdeu a sua vida meu irmão. Você perdeu a sua vida meu irmão | |
| Essas palavras vão entrar no coração | |
| E eu vou sofrer as conseqüências como um cão. | |
| Não é que o Santo Cristo estava certo | |
| Seu futuro era incerto | |
| E ele não foi trabalhar | |
| Se embebedou e no meio da bebedeira sescobriu que tinha outro | |
| Trabalhando em seu lugar | |
| Falou com Pablo que queria um parceiro | |
| Que também tinha dinheiro e queria se armar | |
| Pablo trazia o contrabando da Bolívia | |
| E Santo Cristo revendia em Planaltina | |
| Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, | |
| Apareceu por lá | |
| Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo | |
| E decidiu que com João ele ia acabar. | |
| Mas Pablo trouxe uma Winchester-22 | |
| E Santo Cristo já sabia atirar | |
| E decidiu usar a arma só depois | |
| Que Jeremias começasse a brigar. | |
| (O Jeremias, maconheiro sem vergonha, organizou a Rockonha | |
| E fez todo mundo dançar.) | |
| Desvirginava mocinhas inocentes | |
| E dizia que era crente mas não sabia rezar. | |
| E Santo Cristo há muito não ia pra casa | |
| E a saudade começou a apertar | |
| - Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia | |
| Já está em tempo de a gente se casar. | |
| Chegando em casa então ele chorou | |
| E pro inferno ele foi pela segunda vez | |
| Com Maria Lúcia Jeremias se casou | |
| E um filho nela ele fez. | |
| Santo Cristo era só ódio por dentro e então o Jeremias pra um duelo ele chamou | |
| - Amanhã, as duas horas na Ceilândia, em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou | |
| E você pode escolher as suas armas que eu acabo com você, seu porco traidor | |
| E mato também Maria Lúcia, aquela menina falsa pra que jurei o meu amor | |
| E Santo Cristo não sabia o que fazer | |
| Quando viu o repórter da televisão | |
| Que a notícia do duelo na TV | |
| Dizendo a hora o local e a razão. | |
| No sábado, então as duas horas, todo o povo | |
| Sem demora foi lá só pra assistir | |
| Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo | |
| E começou a sorrir. | |
| Sentindo o sangue na garganta, | |
| João olhou as bandeirinhas e pro povo a aplaudir | |
| E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e | |
| A gente da TV que filmava tudo ali. | |
| E se lembrou de quando era uma criança e de tudo o que vivera até ali | |
| E decidiu entrar de vez naquela dança | |
| - Se a via-crucis virou circo, estou aqui. | |
| E nisso o sol cegou seus olhos e então Maria Lúcia ele reconheceu | |
| Ela trazia a Winchester-22 | |
| A arma que seu primo Pablo lhe deu. | |
| - Jeremias, eu sou homem, coisa que você não é. | |
| Eu não atiro pelas costas não. | |
| Olha pra cá filha da puta, sem vergonha, | |
| Dá uma olhada no meu sangue | |
| E vem sentir o teu perdão. | |
| E Santo Cristo com a Winchester-22 | |
| Deu cinco tiros no bandido traidor | |
| Maria Lúcia se arrependeu depois | |
| E morreu junto com João, seu protetor. | |
| O povo declarava que João de Santo Cristo era santo porque sabia morrer | |
| E a alta burguesia da cidade não acreditava na história que eles viram na TV | |
| E João não conseguiu o que queria quando veio pra Brasília, com o diabo ter | |
| Ele queria era falar com o presidente, | |
| Pra ajudar toda essa gente | |
| Que só faz sofrer |
| N o tinha medo o tal Jo o de Santo Cristo, | |
| Era o que todos diziam quando ele se perdeu. | |
| Deixou pra tra s todo o marasmo da fazenda | |
| So pra sentir no seu sangue o o dio que Jesus lhe deu. | |
| Quando crian a so pensava em ser bandido, | |
| Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu | |
| Era o terror da cercania onde morava | |
| E na escola ate o professor com ele aprendeu. | |
| Ia pra igreja so pra roubar o dinheiro | |
| Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar. | |
| Sentia mesmo que era mesmo diferente | |
| Sentia que aquilo ali n o era o seu lugar | |
| Ele queria sair para ver o mar | |
| E as coisas que ele via na televis o | |
| Juntou dinheiro para poder viajar | |
| E de escolha pro pria escolheu a solid o | |
| Comia todas as menininhas da cidade | |
| De tanto brincar de me dico aos doze era professor. | |
| Aos quinze foi mandado pro reformato rio | |
| Onde aumentou seu o dio diante de tanto terror. | |
| N o entendia como a vida funcionava | |
| Descrimina o por causa da sua classe e sua cor | |
| Ficou cansado de tentar achar resposta | |
| E comprou uma passagem foi direto a Salvador. | |
| E la chegando foi tomar um cafezinho | |
| E encontrou um boiadeiro com quem foi falar | |
| E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem | |
| Mas Jo o foi lhe salvar. | |
| Dizia ele: Estou indo pra Brasi lia, | |
| Nesse pai s lugar melhor n o ha. | |
| T precisando visitar a minha filha | |
| Eu fico aqui e voc vai no meu lugar. | |
| E Jo o aceitou sua proposta e num nibus entrou no Planalto Central | |
| Ele ficou bestificado com a cidade | |
| Saindo da rodovia ria viu as luzes de Natal. | |
| Meu Deus, mas que cidade linda! | |
| No anonovo eu come o a trabalhar. | |
| Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro | |
| Ganhava cem mil por m s em Taguatinga. | |
| Na sextafeira foi pra zona da cidade | |
| Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador | |
| E conhecia muita gente interessante | |
| Ate um neto bastardo do seu bisav: | |
| Um peruano que vivia na Boli via | |
| E muitas coisas trazia de la | |
| Seu nome era Pablo e ele dizia | |
| Que um nego cio ele ia come ar. | |
| E o Santo Cristo ate a morte trabalhava | |
| Mas o dinheiro n o dava pra ele se alimentar | |
| E ouvia a s sete horas o noticia rio | |
| Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar | |
| Mas ele n o queria mais conversa e decidiu que, | |
| com o Pablo, ele ia se virar | |
| Elaborou mais uma vez seu plano santo | |
| E, sem ser crucificado, a planta o foi come ar. | |
| Logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade: | |
| Tem bagulho bom ai! | |
| E Jo o de Santo Cristo ficou rico | |
| E acabou com todos os traficantes dali. | |
| Fez amigos, freqü entava a Asa Norte | |
| E ia pra festa de rock, pra se libertar | |
| Mas de repente | |
| Sob um ma influ ncia dos boyzinhos da cidade | |
| Come ou a roubar. | |
| Ja no primeiro roubo ele dan ou | |
| E pro inferno ele foi pela primeira vez | |
| Viol ncia e estupro do seu corpo | |
| Voc s v o ver, eu vou pegar voc s. | |
| Agora Santo Cristo era bandido | |
| Destemido e temido no Distrito Federal. | |
| N o tinha nenhum medo de poli cia | |
| Capit o ou traficante, playboy ou general. | |
| Foi quando conheceu uma menina | |
| E de todos os seus pecados ele se arrependeu. | |
| Maria Lu cia era uma menina linda | |
| E o cora o dele | |
| Pra ela o Santo Cristo prometeu | |
| Ele dizia que queria se casar | |
| E carpinteiro ele voltou a ser | |
| Maria Lu cia pra sempre eu vou te amar | |
| E um filho com voc eu quero ter. | |
| O tempo passa e um dia vem a porta um senhor de alta classe com dinheiro na m o | |
| E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta. | |
| Uma resposta de Jo o: | |
| N o boto bomba em banca de jornal nem em cole gio de crian a | |
| Isso eu n o fa o n o | |
| E n o protejo general de dez estrelas que fica atra s da mesa | |
| Com o cu na m o. | |
| E e melhor o senhor sair da minha casa | |
| Nunca brinque com um Peixes com ascendente Escorpi o. | |
| Mas antes de sair, com o dio no olhar, o velho disse: | |
| Voc perdeu a sua vida, meu irm o. | |
| Voc perdeu a sua vida meu irm o. Voc perdeu a sua vida meu irm o | |
| Essas palavras v o entrar no cora o | |
| E eu vou sofrer as conseqü ncias como um c o. | |
| N o e que o Santo Cristo estava certo | |
| Seu futuro era incerto | |
| E ele n o foi trabalhar | |
| Se embebedou e no meio da bebedeira sescobriu que tinha outro | |
| Trabalhando em seu lugar | |
| Falou com Pablo que queria um parceiro | |
| Que tambe m tinha dinheiro e queria se armar | |
| Pablo trazia o contrabando da Boli via | |
| E Santo Cristo revendia em Planaltina | |
| Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, | |
| Apareceu por la | |
| Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo | |
| E decidiu que com Jo o ele ia acabar. | |
| Mas Pablo trouxe uma Winchester22 | |
| E Santo Cristo ja sabia atirar | |
| E decidiu usar a arma so depois | |
| Que Jeremias come asse a brigar. | |
| O Jeremias, maconheiro sem vergonha, organizou a Rockonha | |
| E fez todo mundo dan ar. | |
| Desvirginava mocinhas inocentes | |
| E dizia que era crente mas n o sabia rezar. | |
| E Santo Cristo ha muito n o ia pra casa | |
| E a saudade come ou a apertar | |
| Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lu cia | |
| Ja esta em tempo de a gente se casar. | |
| Chegando em casa ent o ele chorou | |
| E pro inferno ele foi pela segunda vez | |
| Com Maria Lu cia Jeremias se casou | |
| E um filho nela ele fez. | |
| Santo Cristo era so o dio por dentro e ent o o Jeremias pra um duelo ele chamou | |
| Amanh, as duas horas na Ceil ndia, em frente ao lote 14, e pra la que eu vou | |
| E voc pode escolher as suas armas que eu acabo com voc, seu porco traidor | |
| E mato tambe m Maria Lu cia, aquela menina falsa pra que jurei o meu amor | |
| E Santo Cristo n o sabia o que fazer | |
| Quando viu o repo rter da televis o | |
| Que a noti cia do duelo na TV | |
| Dizendo a hora o local e a raz o. | |
| No sa bado, ent o as duas horas, todo o povo | |
| Sem demora foi la so pra assistir | |
| Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo | |
| E come ou a sorrir. | |
| Sentindo o sangue na garganta, | |
| Jo o olhou as bandeirinhas e pro povo a aplaudir | |
| E olhou pro sorveteiro e pras c meras e | |
| A gente da TV que filmava tudo ali. | |
| E se lembrou de quando era uma crian a e de tudo o que vivera ate ali | |
| E decidiu entrar de vez naquela dan a | |
| Se a viacrucis virou circo, estou aqui. | |
| E nisso o sol cegou seus olhos e ent o Maria Lu cia ele reconheceu | |
| Ela trazia a Winchester22 | |
| A arma que seu primo Pablo lhe deu. | |
| Jeremias, eu sou homem, coisa que voc n o e. | |
| Eu n o atiro pelas costas n o. | |
| Olha pra ca filha da puta, sem vergonha, | |
| Da uma olhada no meu sangue | |
| E vem sentir o teu perd o. | |
| E Santo Cristo com a Winchester22 | |
| Deu cinco tiros no bandido traidor | |
| Maria Lu cia se arrependeu depois | |
| E morreu junto com Jo o, seu protetor. | |
| O povo declarava que Jo o de Santo Cristo era santo porque sabia morrer | |
| E a alta burguesia da cidade n o acreditava na histo ria que eles viram na TV | |
| E Jo o n o conseguiu o que queria quando veio pra Brasi lia, com o diabo ter | |
| Ele queria era falar com o presidente, | |
| Pra ajudar toda essa gente | |
| Que so faz sofrer |
| N o tinha medo o tal Jo o de Santo Cristo, | |
| Era o que todos diziam quando ele se perdeu. | |
| Deixou pra trá s todo o marasmo da fazenda | |
| Só pra sentir no seu sangue o ó dio que Jesus lhe deu. | |
| Quando crian a só pensava em ser bandido, | |
| Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu | |
| Era o terror da cercania onde morava | |
| E na escola até o professor com ele aprendeu. | |
| Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro | |
| Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar. | |
| Sentia mesmo que era mesmo diferente | |
| Sentia que aquilo ali n o era o seu lugar | |
| Ele queria sair para ver o mar | |
| E as coisas que ele via na televis o | |
| Juntou dinheiro para poder viajar | |
| E de escolha pró pria escolheu a solid o | |
| Comia todas as menininhas da cidade | |
| De tanto brincar de mé dico aos doze era professor. | |
| Aos quinze foi mandado pro reformató rio | |
| Onde aumentou seu ó dio diante de tanto terror. | |
| N o entendia como a vida funcionava | |
| Descrimina o por causa da sua classe e sua cor | |
| Ficou cansado de tentar achar resposta | |
| E comprou uma passagem foi direto a Salvador. | |
| E lá chegando foi tomar um cafezinho | |
| E encontrou um boiadeiro com quem foi falar | |
| E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem | |
| Mas Jo o foi lhe salvar. | |
| Dizia ele: Estou indo pra Brasí lia, | |
| Nesse paí s lugar melhor n o há. | |
| T precisando visitar a minha filha | |
| Eu fico aqui e voc vai no meu lugar. | |
| E Jo o aceitou sua proposta e num nibus entrou no Planalto Central | |
| Ele ficou bestificado com a cidade | |
| Saindo da rodoviá ria viu as luzes de Natal. | |
| Meu Deus, mas que cidade linda! | |
| No anonovo eu come o a trabalhar. | |
| Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro | |
| Ganhava cem mil por m s em Taguatinga. | |
| Na sextafeira foi pra zona da cidade | |
| Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador | |
| E conhecia muita gente interessante | |
| Até um neto bastardo do seu bisav: | |
| Um peruano que vivia na Bolí via | |
| E muitas coisas trazia de lá | |
| Seu nome era Pablo e ele dizia | |
| Que um negó cio ele ia come ar. | |
| E o Santo Cristo até a morte trabalhava | |
| Mas o dinheiro n o dava pra ele se alimentar | |
| E ouvia à s sete horas o noticiá rio | |
| Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar | |
| Mas ele n o queria mais conversa e decidiu que, | |
| com o Pablo, ele ia se virar | |
| Elaborou mais uma vez seu plano santo | |
| E, sem ser crucificado, a planta o foi come ar. | |
| Logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade: | |
| Tem bagulho bom aí! | |
| E Jo o de Santo Cristo ficou rico | |
| E acabou com todos os traficantes dali. | |
| Fez amigos, freqü entava a Asa Norte | |
| E ia pra festa de rock, pra se libertar | |
| Mas de repente | |
| Sob um má influ ncia dos boyzinhos da cidade | |
| Come ou a roubar. | |
| Já no primeiro roubo ele dan ou | |
| E pro inferno ele foi pela primeira vez | |
| Viol ncia e estupro do seu corpo | |
| Voc s v o ver, eu vou pegar voc s. | |
| Agora Santo Cristo era bandido | |
| Destemido e temido no Distrito Federal. | |
| N o tinha nenhum medo de polí cia | |
| Capit o ou traficante, playboy ou general. | |
| Foi quando conheceu uma menina | |
| E de todos os seus pecados ele se arrependeu. | |
| Maria Lú cia era uma menina linda | |
| E o cora o dele | |
| Pra ela o Santo Cristo prometeu | |
| Ele dizia que queria se casar | |
| E carpinteiro ele voltou a ser | |
| Maria Lú cia pra sempre eu vou te amar | |
| E um filho com voc eu quero ter. | |
| O tempo passa e um dia vem à porta um senhor de alta classe com dinheiro na m o | |
| E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta. | |
| Uma resposta de Jo o: | |
| N o boto bomba em banca de jornal nem em colé gio de crian a | |
| Isso eu n o fa o n o | |
| E n o protejo general de dez estrelas que fica atrá s da mesa | |
| Com o cú na m o. | |
| E é melhor o senhor sair da minha casa | |
| Nunca brinque com um Peixes com ascendente Escorpi o. | |
| Mas antes de sair, com ó dio no olhar, o velho disse: | |
| Voc perdeu a sua vida, meu irm o. | |
| Voc perdeu a sua vida meu irm o. Voc perdeu a sua vida meu irm o | |
| Essas palavras v o entrar no cora o | |
| E eu vou sofrer as conseqü ncias como um c o. | |
| N o é que o Santo Cristo estava certo | |
| Seu futuro era incerto | |
| E ele n o foi trabalhar | |
| Se embebedou e no meio da bebedeira sescobriu que tinha outro | |
| Trabalhando em seu lugar | |
| Falou com Pablo que queria um parceiro | |
| Que també m tinha dinheiro e queria se armar | |
| Pablo trazia o contrabando da Bolí via | |
| E Santo Cristo revendia em Planaltina | |
| Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, | |
| Apareceu por lá | |
| Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo | |
| E decidiu que com Jo o ele ia acabar. | |
| Mas Pablo trouxe uma Winchester22 | |
| E Santo Cristo já sabia atirar | |
| E decidiu usar a arma só depois | |
| Que Jeremias come asse a brigar. | |
| O Jeremias, maconheiro sem vergonha, organizou a Rockonha | |
| E fez todo mundo dan ar. | |
| Desvirginava mocinhas inocentes | |
| E dizia que era crente mas n o sabia rezar. | |
| E Santo Cristo há muito n o ia pra casa | |
| E a saudade come ou a apertar | |
| Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lú cia | |
| Já está em tempo de a gente se casar. | |
| Chegando em casa ent o ele chorou | |
| E pro inferno ele foi pela segunda vez | |
| Com Maria Lú cia Jeremias se casou | |
| E um filho nela ele fez. | |
| Santo Cristo era só ó dio por dentro e ent o o Jeremias pra um duelo ele chamou | |
| Amanh, as duas horas na Ceil ndia, em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou | |
| E voc pode escolher as suas armas que eu acabo com voc, seu porco traidor | |
| E mato també m Maria Lú cia, aquela menina falsa pra que jurei o meu amor | |
| E Santo Cristo n o sabia o que fazer | |
| Quando viu o repó rter da televis o | |
| Que a notí cia do duelo na TV | |
| Dizendo a hora o local e a raz o. | |
| No sá bado, ent o as duas horas, todo o povo | |
| Sem demora foi lá só pra assistir | |
| Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo | |
| E come ou a sorrir. | |
| Sentindo o sangue na garganta, | |
| Jo o olhou as bandeirinhas e pro povo a aplaudir | |
| E olhou pro sorveteiro e pras c meras e | |
| A gente da TV que filmava tudo ali. | |
| E se lembrou de quando era uma crian a e de tudo o que vivera até ali | |
| E decidiu entrar de vez naquela dan a | |
| Se a viacrucis virou circo, estou aqui. | |
| E nisso o sol cegou seus olhos e ent o Maria Lú cia ele reconheceu | |
| Ela trazia a Winchester22 | |
| A arma que seu primo Pablo lhe deu. | |
| Jeremias, eu sou homem, coisa que voc n o é. | |
| Eu n o atiro pelas costas n o. | |
| Olha pra cá filha da puta, sem vergonha, | |
| Dá uma olhada no meu sangue | |
| E vem sentir o teu perd o. | |
| E Santo Cristo com a Winchester22 | |
| Deu cinco tiros no bandido traidor | |
| Maria Lú cia se arrependeu depois | |
| E morreu junto com Jo o, seu protetor. | |
| O povo declarava que Jo o de Santo Cristo era santo porque sabia morrer | |
| E a alta burguesia da cidade n o acreditava na histó ria que eles viram na TV | |
| E Jo o n o conseguiu o que queria quando veio pra Brasí lia, com o diabo ter | |
| Ele queria era falar com o presidente, | |
| Pra ajudar toda essa gente | |
| Que só faz sofrer |