Você que é tão avoada Pousou em meu coração Moça, escuta esta toada Cantada em sua intenção Nasci com a minha morte Dela não vou abrir mão Não quero o azar da sorte Nem da morte ser irmão Da sombra eu tiro o meu sol E de fio da canção Amarro essa certeza De saber que cada passo Não é fuga nem defesa Não é ferrugem no aço É uma outra beleza Feita de talho e de corte E a dor que agora traz Aponta de ponta o norte Crava no chão a paz Sem a qual o fraco é forte E a calmaria é engano Pra viver nesse chão duro Tem de dar fora o fulano Apodrecer o maduro Pois esse canto latino Canto pra americano E se morre vai menino Montando na fome ufano Teus poucos anos de vida Valem mais do que cem anos Quando a morte é vivida E o corpo vira semente De outra vida aguerrida Que morre mais lá na frente Da cor de ferro ou de escuro Ou de verde ou de maduro A primavera que espero Por ti, irmão e hermano Só brota em ponta de cano Em brilho de punhal ruço Brota em guerra e maravilha Na hora, dia e futuro