作词 : Daniel Ferreira 作曲 : Diego Sousa [Intro] Será que um dia alguém também vai chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este é o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa Primeira Fila [Verso 1] Ok, eu não sei o ano ao certo mas Sinto que as linhas do meu destino eram estas Cresci entre o Cerco e o Candal, um bairro e uma praceta Vim ao mundo sem ser planeado, desculpem a surpresa Mãe, Pai espero que nenhum de vocês se arrependa A minha mãe quase que viu escuro No dia que lhe arrebentei com a placenta O meu pai chorou comigo e com mais nenhum outro Filho já devia ter previsto qual iria ser o seu castigo O vosso Anjo era um Diabo durante toda a infância Mal educado e revoltado, não havia concordância Mãe, a tua mãe sempre foi a mulher da minha vida Lembras-te de me ir buscar ao Bairro E eu de ti próprio me escondia Toda a gente sabia quando o Daniel ia para casa Era só asneiras que eu berrava, na altura eu morava Na rua, menino cor de barro e língua suja Até o papagaio da vizinha de cima da minha avó Dizia Filha da Puta Desde da nascença que conheço o meu melhor amigo Melhor prenda que ele me deu Foi ser padrinho do seu próprio filho Mamávamos nas mamas das mamas um do outro Cedo aprendemos que aos verdadeiros amigos Se dá um mundo todo Cresci com esse caralho, nem pelos no caralho tinha Fazemos Beat Box e rimas com as mãos cheias de tinta Os mais velhos eram a nossa Influencia A gente cria ser como eles Quando chegasse a nossa adolescência um dia A minha Mãe contou me que havia uma música Que eu gostava , meninos eram Rua Sésamo E Hola Puta Dela Cabra, primeira musica que gravei Foi "Calimero foi ao cu Abelha Maia" Os mais velhos riam-se sem saber do que falava As coisas que uma pessoa se lembra Em Honra de todos que conheci vou me tornar numa lenda Foram os jogos de futebol, as bicicletas e os skates Grafites do Rasta, do Rato e as roupas do Preto Desde do concerto dos Mind da Gap nunca mais Fui o mesmo em cima de um carrinho de compras Ainda me lembro na parte de trás do Arrábida Shops Eu não me esqueço respeito Sem Cerimónias Pela verdade a preço [Refrão] Será que um dia alguém também vai chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este é o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa Primeira Fila [Verso 2] Como quem como quem diz me como quem Quem eu imitava todos os dias bem Pela manha os gritos a minha vizinha Dava-me tanga agora é fã dos meus manuscritos Mas muito antes disso levava com outros tipos Meu irmão achas que vais ser rapper, olha para ti Agora que eu sou rapper, olha para mim Acreditei num sonho lutei e fui até ao fim Tinha um grupo de dádiva sonora Comecei assim, Gravador da chick Beat Box scratch de fecho eclair Graffiti da SK qualquer esquina tinha um Tag Percebe queria bombar como GMB Ser grande como KAP Queria que o meu grupo fizesse história No Rap tipo Mind da Gap Mas acabei como comecei, sempre sozinho [Para tua armada?] a infantaria, a base de tudo isto [Ace?] descansa em paz meu tropa Quem me dera ver te atras dos SCTP Que paravam na porta da nossa escola Infante fica a memoria fabrica de dreads Não havia quem sentisse mais do que nós Tu não percebes [Converto?] só bombava Berna, Sam, Valete e DLM Aos 14 entrei a primeira vez numa batalha de Improviso Entende, ainda me lembro do Rey me perguntar "Donde é que tu és moço?" Eu dizia-lhe que era de Gaia, sentir aquele nó no pescoço Sou de uma das terras Que mais contribuiu para o Rap Português Nova Gaia 4400 para todos vocês, battle E eu pensava que era só um improviso Nem sequer sabia para com rimas era espancar o outro tipo Senti-me o maior parvo por isso Hoje sou maior a libertar o estilo Espero que me perdoem aquilo Vou vos confessar algo ridículo Já há muito tempo que eu dava Freestyle Mas só percebi o que era um Battle depois de ver O 8 Mile Ri-te se te quiseres gozar Isso foi porque nunca tive ninguém para me ensinar Aprendi por mim a respeitar os outros e a trabalhar [Refrão] Será que um dia alguém também vai chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este é o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa Primeira Fila [Verso 3] Comprova, decorava tudo nem imaginas o que fazia Acho que dava mais backup Que os gajos no palco na primeira fila Até ao Dia 22 de Outubro de 2005 Nova Gaia Hip Hop Sessions no mítico Hard Club Eu pisei esse sítio Com Tacto Nato, Auge, Mash, Tostas, Américo Primeiro concerto Na noite anterior não dormi Ansioso e histérico Voltei a ficar só e depois sem produtor e sem nada Sempre a dar improviso Que se foda eu vou por mim nesta estrada O improviso deu me a oportunidade para entrar na ilegal promo foi nessa altura Que conheci o Supremo Gravei a música "Lamento" Só com candeeiro da secretária Rolo de papel higiénico e fica cola Caixa de sapatilhas para chegar à minha altura E afirmar-me na Nova Escola Obrigado por tudo a quem me segue Sei que fui mesmo grande seca Já nessa altura era um puto exigente E persistente como a merda Cada musica faço como se fosse a última E essa era a que mudou a minha vida E que me introduziu esta industria nessa era Valete reconheceu o meu trabalho Só espero poder fazer sentir alguém Como ele me fez sentir, obrigado por tudo Tu ouviste bem? Tu eras o meu ídolo, eu era um desconhecido Um Zé ninguém deste-me a prova que quem trabalha Há de ter o seu reconhecimento um dia também 19 de Julho de 2008 pela primeira vez num palco sozinho Plastic Povoa de Varzim Lembro me de ir a falar pelo caminho Player dizia-me que está uma lua cheia, isso é um bom indício E eu nem atentava mas desde esse dia que eu Reparo sempre nisso Todos os meus amigos vieram a esse concerto Tipo casamento, a minha cara metade com a música Não demorou por muito mais tempo Reprogramação [?] De volta ao serviço Essa participação fez me perceber Que não é só amor por este sítio Quando pedi ao Cruz para assinar a minha mixtape Ainda em cassete Não sabia escrever o meu nome Logo vi que não tinha sido pelo RAP Mas sim pelo que mais batia Entrei em projetos de gente desconhecida Desde desse dia, isto para mim é mais que musica Tu acredita, já me encontrava a trabalhar Com o D-ONE, para mim meu irmão, meu Diego Foi o primeiro produtor desta merda que me levou a sério Produziu para mim não para aquele que mais convinha Sem pedir um tusto Eu durante dois anos nem sequer aparecia Não tocava, não lançava, gravava só aprendia Guardava, trabalhava em França Amealhava para poder um dia lançar por mim Mais ninguém se mostrava interessado A gente vai vingar à nossa maneira Meu irmão, olha o resultado [Refrão] Será que um dia alguém também vai chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este é o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa Primeira Fila [Verso 4] 15 de Janeiro de 2012, o dia em que o Diego faz anos Foi o dia em que lancei o meu primeiro álbum E ficamos para sempre ligados Chamei ao meu disco, Meu filho Só a minha família sabe o que lutei por aquilo RetiEssências era o meu sonho ainda hoje nem acredito Diego, lembras-te todos os Verões antes de ir para França? Se eu morrer naqueles andaimes, tu lança a minha criança Edição independente conheci quase toda a gente A quem vendi o CD porque fiz de mão em mão pessoalmente Aos meus amigos devo tudo Mesmo com dificuldades monetárias Compraram o meu trabalho E acompanharam me quase por todas as áreas Sabem que mais não há palavras Só as coisas que tu guardas O melhor de tudo é que nunca mais Ninguém me vai poder tirá-las Quando acabei o RetiEssências Gravei uma música chamada "Bambora" Sem voz a cuspir sangue umas semanas antes de ir para fora Do país trabalhar nas minhas férias de Verão Se a música falava em acreditar nos sonhos Lutar com ambição Eu faço musica apenas com uma finalidade Poder mostrar a forma como eu vejo a minha realidade E tentar com que essa forma tu te sintas acompanhado Ao fim ao cabo eu falo o que sinto Para que assim te sintas identificado Quando lancei o meu CD Muitas coisas mudaram para lá do palco Há muito trabalho que as pessoas não reparam Não é trabalho de rotina nem é só festa Como a televisão aparenta Mas era a vida que eu queria por isso Daniel aguenta Quero ser a voz de todos meninos dos subúrbios Embalar os sonos e despertar a conquistar muitos A minha namorada não compreendeu o meu sonho Embora também fosse meu sonho Não correu como suposto nos acabamos, bambora Amigos ficaram invejosos eu deixei-os, bambora Inimigos tentaram-me derrubar eu venci-os, bambora A industria é contra os meus princípios Não perdi-os, bambora Este álbum foi para me lembrar que Asas para voar, punhos fechados para lutar, bambora Pelos que me apoiam e me fazem acreditar, bambora Tu que me estás a esta altura a escutar, bambora Tu que estavas na primeira fila a gritar, bambora Por muito difícil que te pareça tudo isto, bambora Tu também vais ver chegar a tua hora, bambora Grita comigo agora, bambora Todos nascemos para contar a nossa história Bambora [Refrão] Um dia alguém também vai chamar por ti E vais ouvir gritar o teu nome dá cortina Nessa altura espero poder tar ai A berrar o teu nome na Primeira Fila BAMBORA!